Câncer de mama também é papo de homem – INGOH promove bate-papo entre homem diagnosticado com neoplasia maligna na mama e mulheres que estão em tratamento. Ação possibilita troca de experiências e acolhimento
Os homens também devem se preocupar com a saúde das mamas, pois eles estão sujeitos a sofrer com câncer nessa região. Para se ter uma ideia, mais de 600 homens brasileiros devem ser diagnosticados com a neoplasia, em 2020, de acordo com estatísticas divulgadas pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA). Como as informações sobre esse assunto ainda são pouco difundidas entre a população masculina, isso faz com que o acompanhamento médico especializado seja acionado já quando o tumor se apresenta em estágio avançado.
Por isso, o Instituto Goiano de Oncologia e Hematologia (INGOH) promoveu um bate-papo entre um paciente que já está em fase final do tratamento contra o câncer de mama e mulheres que ainda necessitam de infusão de quimioterapia. O evento foi mediado pela psicóloga do Departamento de Oncologia da instituição, Carla Póvoa, com o objetivo de difundir informação, que é essencial para auxiliar no sucesso do plano terapêutico, e proporcionar acolhimento humanizado aos enfermos.
“Mostramos o exemplo incomum de uma pessoa que sofreu as mesmas angústias que as pacientes que se encontram aqui viveram, quando descobriram o diagnóstico. Com a história de vida e superação que vivenciamos hoje, pudemos compartilhar com todos aqui o quanto é importante ter um acolhimento e uma fuga da doença. O aporte de Lourivaldo Gomes foi a família e a fé. Mas, alguns enfermos terão a equipe assistencial como familiares, e isso também é importante, pois o carinho entregue pela equipe faz com que o acolhimento proporcione uma assistência mais humana e zelosa”, observa Póvoa.
Sou homem e venci o câncer de mama
O bombeiro militar aposentado Lourivaldo Gomes Martins, 58 anos, trabalhou no incidente do Césio 137, no final da década de 1980, em Goiânia e agora enfrenta uma nova batalha. Ele foi diagnosticado com câncer de mama há dois anos, depois que a esposa Ivone Martins, com quem é casado há mais de três décadas, sentiu um caroço em sua mama esquerda. Entre outros tratamentos, ele passou por cirurgia para retirada do tumor e 12 sessões de quimioterapia – o que não o deixou desanimado.
“Esse câncer não me tirou a paz em nenhum momento, porque eu estava sempre em oração e tinha pessoas capacitadas para cuidar de mim. O Dr. Rafael Portela e o Dr Leandro Gonçalves foram anjos na minha vida. Como esses homens me ajudaram!”, relembra o militar. “Essa doença é perigosa? Sim, mas nós precisamos acreditar primeiramente em Deus, pois tudo é possível para Ele. Depois, confiar nos profissionais que estão no nosso caminho. E graças a Deus eu fui muito abençoado em meu tratamento”, conclui.
Tratamento em homens
Por falta de informação, normalmente, o diagnóstico de câncer de mama em homens é feito com a lesão já em estágio avançado. O fato de os homens demorarem a procurar auxílio médico quando encontram alguma anomalia na mama, pode ser uma das explicações para, em geral, eles apresentarem menor taxa de sobrevida global, se comparados às mulheres que tratam a doença. “Devemos falar sobre o assunto para conscientizar as pessoas de que a Campanha Outubro Rosa não é apenas para as mulheres. Elas são, sim, o maior público atendido em consultórios do mundo inteiro, mas o sexo masculino também deve ficar atento à saúde das mamas, para procurar auxílio médico no menor sinal de alteração”, explica o oncologista do serviço de oncologia mamária do INGOH, Leandro Gonçalves.
Frank Braga, mastologista do INGOH e atual presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia – Regional Goiás, ressalta que os exames de imagem são fundamentais para diagnosticar lesões iniciais da doença. “É essencial fazer o autoexame das mamas, independente do sexo, mas devemos estar atentos que essa avaliação física detecta apenas aquelas lesões maiores, que já são palpáveis. As imagens, ao contrário, conseguem identificar lesões ainda em estágios iniciais. O que colabora muito para o tratamento”, observa.
Apesar da importância dos exames de imagem para homens, não existem diretrizes de rastreamento com mamografia para eles. Os médicos ressaltam que as lesões menores proporcionam procedimentos cirúrgicos menos invasivos e tratamentos quimio e radioterápicos menos agressivos. Por isso, a Sociedade Brasileira de Mastologia – Regional Goiás trabalha o tema Quanto Antes, Melhor, para a Campanha Outubro Rosa de 2020.
Estudos científicos
Embora o câncer de mama em homens corresponda a 1% dos diagnósticos totais dessa patologia, estudo divulgado no The New England Journal of Medicine, uma das principais publicações da área médica, revela que a incidência tem aumentado ao longo dos anos. O periódico apresentou que a taxa de manifestação de câncer de mama saltou de 0,85 casos por 100 mil homens, em 1975, para 1,43 casos por 100 mil, em 2011. Números esses que, de acordo com pesquisas científicas, revelam que a doença está relacionada à idade, fatores ambientais, hormonais e mutações genéticas, principalmente nos genes BRCA 1 e BRCA 2.
O câncer de mama em homens é uma doença rara, que ainda merece bastante atenção da comunidade científica. Apesar disso, nas últimas décadas, estudos com foco em obter melhor compreensão física e biológica da doença no sexo masculino têm sido desenvolvidos e, assim, tratamentos mais eficazes e resultados mais promissores estão sendo disponibilizados para a população.
Imprensa
O tema foi pauta da edição de quarta-feira (14) do Jornal O Popular. Confira a reportagem abaixo:
Assessoria de Imprensa | INGOH
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