Curiosidades sobre grupos sanguíneos

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Curiosidades sobre grupos sanguíneos – Os grupos sanguíneos foram descobertos no início do século XX pelo cientista austríaco Karl Landsteiner que, em 1930, ganhou o Prêmio Nobel de Medicina por esse trabalho. Esse achado trouxe grande progresso na Medicina Transfusional, mas também trouxe algumas teorias de associação destes grupos sanguíneos com outras situações, algumas clínicas, outras não. Por exemplo, a cultura japonesa leva bastante a sério a relação entre o tipo sanguíneo e a personalidade de um indivíduo, chegando a ter um “horóscopo sanguíneo” publicado em jornais e publicações populares, inspirados pelos estudos de Tokeji Furukawa. Deixando essa teoria de associação com personalidades de lado, alguns temas ainda permanecem relevantes, como a associação de determinados tipos de sangue com alguns tumores e a proteção que alguns alguns tipos sanguíneos apresentam à infecções, como malária.

Os principais sistemas de grupos sanguíneos são ABO e Rh, mas outros grupos também são importantes do ponto de vista clínico e os principais estão listados abaixo na Tabela 1. As principais complicações de incompatibilidades sanguíneas são a reação transfusional hemolítica e a doença hemolítica do feto e do recém-nascido.

Grupos Sanguíneos

Grupos sanguíneos


O grupo sanguíneo O tem cerca de 20-30% menos fator de von Willebrand que os tipos A, B ou AB, por aumento no clearance (retirada da circulação). Especulações existem de que o grupo O teria, então, menor risco de trombose.Várias situações vêm sendo associadas com os grupos sanguíneos, mas o seu papel final no manejo do paciente ainda é incerta. 

  • Câncer gástrico ocorre com mais frequência no grupo sanguíneo tipo A. 
  • Úlceras (gástricas e duodenais) ocorrem com mais frequência no grupo sanguíneo tipo O.
  • Câncer pancreático parece ser mais comum naqueles que não são O (A, AB e B).
  • O fenótipo null (que não tem a proteína H) pode estar associado à perda de outras proteínas produzidas por células, como ausência de um componente do sistema complemento (fenótipo null para sistema Chido-Rodgers).
  • Estudos verificaram a relação entre a suscetibilidade a COVID-19 e identificaram um maior risco para o tipo A e um possível menor risco para o tipo O. O mecanismo subjacente permanece inexplicado. Alguns pesquisadores demonstraram que indivíduos com baixos níveis de anticorpos ABO têm maior risco de contraírem a infecção pelo SARS-CoV-2. Contudo, o real papel do grupo sanguíneo ABO na infecciosidade e gravidade da COVID-19 requer estudos adicionais.

Quem tem um determinado grupo de sangue não precisa ficar mais ou menos preocupado. Estes dados são muito mais curiosidades do que atestados de que a pessoa terá esta ou aquela doença. Outros fatores parecem ser muito mais importantes no desenvolvimento destas doenças do que os antígenos do grupo sanguíneo.

 

Texto elaborado e revisado por
Dra. Mireille Guimarães Vaz de Campos  
Médica  do corpo clínico do INGOH
Especialista em Hematologia – Hemoterapia
CRM-GO 12.406/RQE 22965.
Texto revisado em Junho de 2021.


Referências:
  • DELEERS, M. et al. Covid-19 and blood groups: ABO antibody levels may also matter. International Journal of Infectious Diseases, v. 104, p. 242-249, 2021.
  • DANIELS G, REID ME. Blood groups: the past 50 years. Transfusion. 2010 Feb;50(2):281-9. Epub 2009 Nov 09. 
  • FLEGEL WA. Pathogenesis and mechanisms of antibody-mediated hemolysis. Transfusion. 2015 Jul;55 Suppl 2:S47-58. 
  • FUNG M, GROSSMAN BJ, HILLYER CD, et al. (Eds). Technical Manual, 18th edition, AABB Press, Bethesda, MD 2014.
  • GENEBRA. Organização Mundial de Saúde. O Uso clínico do Sangue. (disponível em: http://www.who.int/bloodsafety/clinical_use/en/Module_P.pdf?ua=1, visitado em dezembro de 2016)
  • NOMI T & BESHER A. You Are Your Blood Type: the biochemical key to unlocking the secrets of your personality. New York: Pocket Books, 1988.
  • UHL L, Silvergleid AJ (Ed),  Tirnauer JS(Ed). Red blood cell antigens and antibodies. In: UpToDate, Post TW (Ed), UpToDate, Waltham, MA. (Visitado em dezembro, 2016.)
  • OMS. Site da Organização Mundial de Saúde: Blood transfusion safety. Disponível em: http://www.who.int/bloodsafety/en/