Hipertensão e Covid-19
Doença crônica pode ser prevenida, mas mata 10 milhões de pessoas por ano no mundo. No Brasil, os números também são altos, com média anual superior a 302 mil óbitos. Durante pandemia, estatística de parada cardíaca fora de hospitais subiu 58%.
Em apenas um ano, quase 10 milhões de pessoas no mundo morrem em decorrência da hipertensão. A doença atinge cerca de 4 em cada 10 adultos com mais de 25 anos de idade e é o principal fator de risco para doenças cardiovasculares. Os dados são da Organização Mundial da Saúde (OMS) e são corroborados por estatísticas da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). De acordo com a entidade americana, cerca de 1,6 milhões de mortes são causadas por doenças cardiovasculares na região das Américas. Dessas, meio milhão ocorrem em pessoas com menos de 70 anos de idade – contabilizadas como prematuras ou evitáveis.
O cardiologista do Instituto Goiano de Oncologia e Hematologia (INGOH), Mayler Olombrada, alerta para os dados brasileiros, que também são preocupantes. Ele apontou que, de acordo com o Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2018), do Ministério da Saúde, o País contabiliza uma média de 34 mortes por hora, 829 por dia e mais de 302 mil no ano. Após pesquisa realizada nas 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal, foi apontado que 24,7% da população nacional apresenta diagnóstico médico de hipertensão arterial.
Essa taxa, nas Américas, chega a 40%, o que significa que cerca de 250 milhões de pessoas sofrem de pressão arterial elevada, segundo estudo da OPAS.
“Diante disso, o que deve ser alertado à sociedade, no Dia Mundial da Hipertensão, celebrado em 17 de maio, por exemplo, é que a doença pode ser prevenida ou adiada, desde que o indivíduo adote um conjunto de medidas preventivas, entre as quais vale ressaltar a redução do consumo de sal, a necessidade de adotar uma dieta rica em frutas e legumes, além da prática de atividades físicas e a manutenção do peso corporal saudável”, recomenda o médico. Dessa forma, a maioria dos óbitos citados acima poderia ter sido evitada. E, pensando nisso, as Nações Unidas adotaram como objetivo reduzir 25% do índice de hipertensão no mundo e 30% do sódio nas refeições, até 2025.
COVID-19 e Hipertensão
Além dos problemas associados à hipertensão por si só, em 2020, o serviço de saúde tem mais uma preocupação com os pacientes hipertensos, pois eles compõem o grupo de risco para complicações associadas à Covid-19, doença provocada pelo novo Coronavírus. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), a mortalidade média da Sars-Cov-2 para a população em geral gira em torno de 3%, índice que sobre para 10,5% em pessoas portadoras de doenças cardiovasculares.
Para confirmar essas estatísticas, os estudos iniciais trabalham com várias hipóteses, pois há suspeitas – ainda não evidenciadas – de que o uso de medicamentos indicados para o controle de doenças cardiovasculares favoreça a disseminação do novo Coronavírus. Por medo dessa situação, pacientes têm deixado de tomar os remédios prescritos e, ao apresentarem mal-estar em casa, não procuram um pronto socorro com receio de contaminação pelo vírus. Isso faz com que aumente as chances de complicações relacionadas à hipertensão, como Acidente Vascular Cerebral (AVC) e infarto.
Mayler Olombrada, cardiologista do INGOH, observa que o periódico The New England Journal of Medicine apresentou, no último mês de abril, um gráfico com o número de paradas cardíacas que aconteceram fora de ambientes hospitalares durante os primeiros 40 dias de surto de Covid-19, na Itália, comparado ao mesmo período de 2019. Esse tipo de diagnóstico, de um ano para o outro, apresentou um aumento de 58%.
Para se ter uma ideia, entre 21 de fevereiro e 31 de março desse ano, foram relatados 9806 casos de gripe pelo novo Coronavírus na região do estudo. Nesse mesmo prazo, 362 paradas cardíacas foram registradas, enquanto, no mesmo intervalo de tempo, em 2019, esse número foi de 229. “É extremamente importante que o paciente cardiopata não pare o tratamento por conta própria. Manter o contato com o médico, inclusive durante esse período crítico, é essencial, seja de forma presencial ou através das plataformas de Telemedicina que já estão disponibilizadas por várias clínicas”, recomenda o médico.
Assessoria de Comunicação | INGOH