Pacientes oncológicos têm maior risco de desenvolver hipertensão arterial, alerta cardiologista do INGOH

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Cerca de 35% dos pacientes desenvolvem a doença durante o tratamento. Cânceres renais, gástricos e ovarianos são os mais propensos ao surgimento ou descontrole da hipertensão

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que a hipertensão é a maior causa de morte prematura no mundo. Cerca de 1,28 bilhão de adultos entre 30 e 79 anos são hipertensos e, desses, somente 21% mantêm a doença controlada.

A herança genética é a principal causa na população. Mas quando se associa esse desenvolvimento ao paciente com câncer, a exposição à quimioterapia é um fator de risco independente, conforme explica a médica Letticya Pereira, cardiologista que integra o corpo clínico do Instituto Goiano de Oncologia e Hematologia (INGOH).

“Em média, 35% dos pacientes oncológicos desenvolverão HAS ao longo do tratamento. No cenário dos pacientes onco-hematológicos, os casos de hipertensão são ainda maiores quando comparados à população geral, visto que muitos tipos de câncer e seus tratamentos causam ou agravam a HAS preexistente por efeitos vasculares, endoteliais e renais”, explica a cardiologista.

Letticya Pereira pontua, ainda, que alguns tumores apresentam maior predisposição ao aumento da pressão arterial, como o câncer renal, gástrico e ovariano, devido aos níveis tensionais mais elevados que aqueles com outros sítios tumorais.

“O paciente oncológico precisa de um seguimento com cardiologista durante todo o tratamento e após o término, visto que alguns efeitos colaterais são tardios”, completa a médica, que tem experiência nesse acompanhamento multidisciplinar dentro do INGOH.

Por ser uma doença crônica, a HAS não têm cura para a grande maioria dos pacientes. Uma das exceções é quando esse aumento é secundário ao tratamento oncológico, isto é, ao término da quimioterapia os valores pressóricos normalizam, “por isso, a importância do acompanhamento cardio-oncológico, para que o ajuste dos anti-hipertensivos seja feito conforme o tratamento do câncer”, acrescenta Letticya.

Hipertensão Arterial Sistêmica

17 de maio é o Dia Mundial da Hipertensão, data em que se intensificam os trabalhos de conscientização da doença, especialmente quanto aos riscos e complicações que traz para a vida do portador.

A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é uma doença crônica e silenciosa. Por não causar sintomas, muitos pacientes são diagnosticados tardiamente, quando evoluem com um acidente vascular cerebral (derrame) ou um infarto do miocárdio, por exemplo.

Em relação ao tratamento oncológico, a HAS pode ser causada, por exemplo, pelo uso dos remédios bevacizumabe, ibrutinibe, fluoropirimidinas, cisplatina, abiraterona, bicalutamida, enzalutamida, entre outros.

E a doença também pode se desenvolver a partir de medicamentos não oncológicos, como corticosteroides e anti-inflamatórios, além de outros fatores: estresse, dor, consumo excessivo de álcool, insuficiência renal, apneia do sono não tratada, obesidade e sedentarismo.

A HAS não tratada é fator risco para o desenvolvimento de insuficiência cardíaca (coração fraco) principalmente quando associado ao uso antracíclicos (quimioterapia vermelha), ibrutinibe e bevacizumabe.

Recomendações para o manejo de HAS do paciente em tratamento oncológico:

  • Tratamento eficaz da HAS induzida pela terapia oncológica para evitar a interrupção da quimioterapia e complicações cardiovasculares;
  • Uma meta de pressão arterial (PA) < 130mmHg sistólica (máxima) e < 80mmHg (mínima) – popularmente conhecida como 13×8;
  • A interação interdisciplinar, isto é, a comunicação entre o oncologista, hematologista e cardiologista é indispensável no cenário de um paciente hipertenso não controlado que necessita de um tratamento oncológico com alto potencial de toxicidade cardíaca. Em alguns casos há contra indicação ao tratamento oncológico quando PA sistólica ≥180 mmHg ou PA diastólica ≥110 mmHg – popularmente conhecida como 18×11.

Cuidados gerais do paciente hipertenso:

  • Acompanhamento com especialista de forma regular;
  • Uso contínuo das medicações;
  • Aferir a pressão arterial em todas as consultas médicas;
  • Praticar atividade física, no mínimo 150 minutos por semana, se possível;
  • Evitar bebida alcoólica;
  • Controlar o peso;
  • Ter um colesterol na meta estabelecida;
  • Não fumar;
  • Ter uma alimentação saudável orientada por um nutricionista;
  • Evitar alimentos ultraprocessados e não exceder a quantidade de sal que a OMS preconiza (2g/dia);
  • Atentar se para uma boa noite de sono e ambientes tranquilos.