Câncer de colo do útero e ovário figuram entre as principais causas de óbito em mulheres.
Outros órgãos do sistema ginecológico também são afetados
Setembro é o mês destinado à conscientização sobre câncer ginecológico, que pode afetar útero, vagina, vulva, ovários e colo uterino. Somente os dois últimos, de acordo com a estimativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA), serão responsáveis por mais de 23.000 novos casos e 10.000 mortes, em 2020, no Brasil. Para falar sobre esse assunto, a oncologista do Instituto Goiano de Oncologia e Hematologia (INGOH, Ana Cláudia Lima, concedeu entrevista para a TV Anhanguera, nesta quinta-feira (24).
Segundo a médica, de todos os tumores que acometem as mulheres, o câncer de colo uterino ocupa a segunda posição em incidência nos estados do Centro-Oeste, Norte e Nordeste e é um tumor prevenível. Mais de 90% dos casos estão relacionados à infecção pelo Papiloma Virus Humano, popularmente conhecido por HPV. A infecção pelo HPV pode ser responsável pelo desenvolvimento de verrugas genitais, inflamações ou lesões precursoras do câncer que ao longo de até 10 anos podem se tornar invasivas e causar sintomas como corrimento, sangramento vaginal e cólicas.
“A melhor forma de prevenir a infecção pelo HPV é a vacinação, que está disponível na rede pública e também em serviços suplementares”, reforça Lima. Devem ser vacinados meninas, entre 9 e 14 anos, e meninos de 11 a 14 anos; pacientes transplantados e portadores de HIV, também. A vacina atua na prevenção de quatro tipos de HPV, sendo os que causam verrugas genitais aqueles responsáveis por até 70% dos canceres de colo uterino. “Como a vacina não protege 100% dos casos de infecção por HPV, é importante também fazer acompanhamento regular com o ginecologista e o exame Papanicolau de 25 a 65 anos (idealmente a partir da primeira relação sexual)”, orienta.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e sociedades médicas da área estimam que, com a vacinação efetiva das crianças e a cobertura mais ampla do Papanicolau, haverá redução de 60% na incidência de câncer de colo uterino na próxima geração. “60% a menos de câncer somente pelo fato de prevenir a doença”, salienta a oncologista.
Um outro tipo de câncer ginecológico é o de endométrio, aponta a a camada mais interna do útero e o principal sintoma é sangramento vaginal, após a menopausa, além de dor pélvica e durante a relação sexual. A oncologista aponta que fatores como obesidade, diabetes, histórico familiar, idade avançada, história de infertilidade ou o fato de nunca ter engravidado e a própria exposição por longo prazo ao estrogênio para tratamento da menopausa podem contribuir para o surgimento deste câncer. “Neste caso, combater fatores de risco, reduz as chances de desenvolvimento da doença. Estudos apontam que mulheres que se exercitam diariamente diminuem o risco pela metade, se comparadas ao grupo que é sedentário”, observa Lima.
De acordo com a médica, o câncer de ovário é o câncer feminino mais letal. Ela reforça que não existem exames de rastreamento estabelecidos e em geral os tumores são assintomáticos em sua fase inicial. “Cerca de 70% dos casos são detectados em mulheres acima dos 50 anos e em estágios mais avançados”, esclarece a médica. A profissional reforça, ainda, que os sintomas nessa fase podem ser vagos e mal definidos, como cólicas, aumento do volume abdominal, desconforto urinário e dor na relação sexual.
Cerca de uma a cada cinco mulheres com câncer de ovário apresentam tumores de origem hereditária e o aconselhamento genético é fundamental para acompanhar mais de perto essas famílias. Infelizmente, o acesso a esses testes genéticos ainda é limitado no Brasil, não são disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS), mas é regulamentado pelos planos de saúde. “A boa notícia é que o tratamento do câncer de ovário tem avançado e novas medicações e combinações de medicamentos têm sido estudadas para aumentar o tempo e qualidade de vida para essas pacientes portadoras de câncer de ovário”, esclarece.
O tratamento dos tumores ginecológicos depende do tipo tumoral, localização e também do estágio apresentado, além da condição clínica da paciente no momento do diagnóstico. “É necessário em tratamento individualizado e uma equipe multidisciplinar que oriente cada passo da terapia a ser realizada. De forma geral, as pacientes podem precisar de cirurgia, radioterapia, quimioterapia e em alguns casos terapias alvo e anticorpos monoclonais”, reforça Ana Cláudia, quem também alerta para o fato de que pesquisas com imunoterapia estarem sendo realizadas para alguns destes tumores.
Para finalizar, a médica define: é importante ressaltar que a consulta regular com o ginecologista é extremamente importante para realização e exames periódicos e detecção precoce da doença. Ter hábitos de vida saudável e realizar atividades físicas também são essenciais para esta prevenção.
Confira a entrevista completa:
Assessoria de Imprensa | INGOH