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Vacinação em pacientes oncológicos

Carteira de imunização atualizada é essencial para o tratamento, mas cada caso deve ser avaliado de forma individual pelo médico assistente. Pesquisa israelense mostra índice menor de mortalidade em adultos com câncer, após vacinação contra a influenza 

É fato que a vacinação é uma das ferramentas mais importantes para proteção individual e coletiva de uma comunidade, pois, quanto mais pessoas vacinadas, menores as chances de uma doença infectocontagiosa se propagar. Quando, no entanto, o público a ser vacinado está diante de um tratamento oncológico, alguns cuidados devem ser observados. É de suma importância que o médico assistencial avalie cada caso individualmente, pois manter a carteira de vacinação em dia, pode auxiliar, inclusive, no decorrer do plano terapêutico, pois impede o aparecimento de outras patologias.

“Para o paciente com câncer, a imunização evita complicações que podem prejudicar o tratamento e, assim, contribui diretamente para salvar a sua vida. Por isso, o ideal é que o cartão de vacinação seja atualizado, antes de iniciar as sessões de quimioterapia, porque sua resposta imunológica será mais eficaz”, orienta a infectologista Marianna Tassara, responsável técnica pelo serviço de vacinas do Instituto Goiano de Oncologia e Hematologia (INGOH).

Tassara observa que existem dois grandes grupos de vacina: um com o vírus inativado e outro com o vírus vivo, o qual não é recomendado para pacientes em curso de quimioterapia. A médica ressalva que essas vacinas não devem ser aplicadas, pois trata-se de um enfermo cujo sistema imunológico já está comprometido. Então, “nesse período de imunossupressão, ele pode sofrer complicações em decorrência de receber uma carga viral, ainda que atenuada, por estar com a imunidade afetada”, salienta a infectologista.

Entre as imunizações que devem ser evitadas destacam-se a de sarampo, rubéola, caxumba, febre amarela, varicela, dengue, rotavírus, paralisia infantil, entre outras. Nesses casos, as pessoas que mantêm contato com o paciente é que devem se vacinar, para contribuir com a não disseminação das doenças.

Outras vacinas, porém, podem ser administradas durante o tratamento oncológico – avaliando sempre o risco benefício de cada uma delas, por isso, é essencial o acompanhamento do médico assistente. “Normalmente, as vacinas inativadas podem ser administradas durante o período de quimioterapia, mas não terão a mesma eficácia, por conta da resposta imunológica. Por isso, o ideal é que o cartão vacinal seja atualizado antes de iniciar o tratamento ou após o término, depois de quatro ou cinco meses”, esclarece Tassara.

Pesquisa aponta menor índice de mortalidade

 

Um estudo israelense publicado pela plataforma Cochrane Library, em 2018, analisou a eficácia de vacinas contra influenza em pacientes adultos com câncer imunossuprimido. Entre os anos de 2006 e 2017, os autores pesquisaram o banco de dados de literaturas biomédicas e de áreas afins nos portais da Cochrane, Medline, Embase e Lilacs, além de estudos apresentados em anais internacionais de conferências de doenças infecciosas, de hematologia e de oncologia. Somaram a isso, informações disponibilizadas em sites dos fabricantes de vacina contra a influenza e estudos em andamento, ainda não publicados sobre o assunto clínico.

Os autores Bitterman, Eliakim-Raz, Vinograd, Zalmanovici, Leibovici e Paul (2018) consideraram seis estudos aplicados às metodologias de ensaios clínicos randomizados, estudos de coorte prospectivos e retrospectivos e estudos de caso-controle. A partir deles, foram acompanhados 2275 pacientes com malignidades sólidas (tratadas com quimioterapia), com câncer hematológico, com câncer pós-autólogo (até seis meses após o transplante) ou com transplante alogênico de células-tronco hematopoiéticas.

A conclusão dos cientistas é de que “os dados observacionais sugerem menor mortalidade e resultados relacionados à infecção com vacinação contra influenza”, descrevem. Os resultados ressaltam que a força de comprovação ainda é limitada pelo pequeno número de estudos disponíveis, embora a evidência mostre que “os benefícios superam os riscos potenciais ao vacinar adultos com câncer contra a gripe”, reforçam. Para conferir o estudo na íntegra, clique aqui.

 

Vacina também é coisa de gente grande

Com mais atenção na fase infantil, assunto acaba sendo esquecido na vida adulta. Muitas vacinas precisam de reforço depois da primeira dose para garantir imunização

Já dizia o dito popular de que “é melhor prevenir do que remediar”. Para contribuir com isso, as vacinas têm um importante papel, pois são uma das medidas mais eficazes para evitar o aparecimento e a proliferação de diversos tipos de doença. Assim, para segurança individual e coletiva da comunidade, é de extrema importância que o maior número de pessoas possível seja imunizado contra agentes patológicos. E isso não é um assunto que merece atenção somente na fase infantil; adultos precisam ficar atentos para a administração de vacinas que evitam doenças graves e contagiosas.

O Ministério da Saúde orienta que pessoas entre 20 e 59 anos sejam vacinadas contra Hepatite B, Febra Amarela e Tríplice viral, que previne sarampo, caxumba e rubéola. Além delas, também
devem ser ministradas nessa faixa etária a Dupla adulto para o combate da difteria e do tétano e a Pneumocócica 23 Valente para evitar pneumonia, otite, meningite e outras doenças causadas pela bactéria Pneumococo. Conferir o cartão de vacinas junto ao programa de vacinação é o primeiro passo para manter a saúde segura.

Além das vacinas oferecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) expande o alerta para outras doenças que podem ser evitadas com imunização disponível na rede suplementar. Tríplice bacteriana, que além de difteria e tétano combate a coqueluche; Hepatite A, Varicela, Influenza, Meningocócicas Conjugadas, Herpes Zóster e Dengue podem ser manipuladas em cidadãos de 20 a 59 anos. Além delas, também é recomendável a vacina contra o HPV, cuja doença está diretamente ligada ao aparecimento de casos evitáveis de câncer de garganta e de colo uterino, doença esta que é uma das principais causas de morte por câncer no Brasil, entre as mulheres.

Vale ressaltar que algumas vacinas podem ser indicadas para pessoas com comorbidades ou para grupos especiais. Pacientes imunodeprimidos, mulheres grávidas, viajantes e profissionais da saúde, por exemplo, têm um calendário vacinal específico e individualizado. Por isso, o calendário vacinal e a indicação devem ser avaliados de forma singular, sendo assim, essencial procurar atendimento em um serviço especializado para maior segurança do paciente.

Assessoria de Comunicação | INGOH